sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Músculos em forma, cabeça saudável (2)


[ continuação ]

Olhar e lembrar

Nos anos 70, pesquisadores demonstraram pela primeira vez que adultos mais velhos saudáveis poderiam melhorar seu desempenho além do que até então se acreditava. As primeiras pesquisas não estavam totalmente direcionadas a investigar, por exemplo, por quanto tempo os adultos conseguiriam manter as novas habilidades conseguidas com o treinamento, se essas capacidades poderiam influenciar positivamente outras áreas da cognição úteis para a vida diária, e se estudos realizados em pequenos grupos de indivíduos seriam amplamente aplicáveis à maioria das pessoas.
Os últimos experimentos confirmam que treinar a cognição traz benefícios substanciais a adultos maduros e que esses efeitos podem ter duração relativamente longa. Na virada do último século, o Instituto Nacional do Envelhecimento, mantido pelo governo americano, fundou um consórcio de pesquisadores para conduzir um estudo de uma grande amostra de americanos idosos. Em 2002, a psicóloga Karlene Ball, da Universidade do Alabama, em Birmingham, publicou resulados referenes a mais de 2.500 indivíduos
com mais de 65 anos que participaram de 10 sessões de treinamento cognitivo. Os voluntários foram indicados aleatoriamente para um dos três processos: melhorar a memória, o raciocínio ou a busca visual - ou ainda para um grupo de controle que não recebeu treinamento algum. No acompanhamento, dois anos depois, a equipe escolheu, de forma aleatória, parte do grupo inicial para realizar uma atividade de reforço antes da avaliação. Os resultados mostram um forte efeito positivo em cada grupo, comparado aos controles, além de um padrão de melhora do desempenho. Aqueles que treinaram a busca visual, por exemplo, tinham evidências de grandes ganhos nessa área, mas poucas aquisições nos campos da memória e do raciocínio, em relação aos controles. Após cinco anos, testes refeitos com essa mesma amostra indicaram que benefícios mensuráveis ainda estavam presentes depois do longo intervalo. Ainda mais impressionantes, entretanto, são os recentes estudos que focam a função executiva (forma como planejamos a abordagem estratégica para uma tarefa e gerenciamos a atividade processada pela mente.

Da revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010

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