quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Músculos em forma, cabeça saudável (4)


[ continuação ]

Riscos do Excesso

Durante a última década muitos estudos subestimaram a ligação entre a atividade física e a cognição. Em uma pesquisa publicada em 2001, a neuropsiquiatra Kristine Yaffe, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, coordenou um grupo de cientistas que recrutou 5.925 mulheres com mais de 65 anos em quatro centros médicos americanos. As participantes não tinham deficiências físicas que limitassem sua capacidade de realizar atividades físicas, e todas foram testadas para garantir que não sofriam de problemas cognitivos. Os pesquisadores avaliaram as atividades físicas das voluntárias perguntando-lhes quantos quarteirões andavam e quantos lances de escada subiam diariamente. Em seguida, pediram que preenchessem um questionário sobre a prática de 33 atividades físicas. Após seis ou oito anos, os estudiosos avaliaram as funções cognitivas dessas mulheres. A mais ativa mostrou declínio cognitivo 30% menor que a que menos se movimentava. Ainda mais interessante: a distância das caminhadas estava relacionada à cognição, mas não à velocidade, o que leva a crer que mesmo níveis moderados de atividade física podem servir para limitar o declínio cognitivo em idosos.
Por outro lado, forçar o sistema circulatório com exercícios aeróbicos pode ser péssimo para o cérebro. Em 1995, em um estudo com 1.192 idosos de 70 a 79 anos, a neurocientista cognitiva Marilyn Albert, da Universidade Johns Hopkins, e seus colegas avaliaram a cognição dos participantes, com uma bateria de exames de aproximadamente 30 minutos, que incluia testes de linguagem, memória verbal e não verbal, habilidade de conceituação e visual-espacial. Eles descobriram que os melhores fatores preditivos para mudanças na cognição, em um período de dois anos, incluíam atividades extenuantes e picos no fluxo de expiração pulmonar. Em uma investigação publicada em 2004, a epidemiologista Jennifer Weuve, da Universidade Harvard, e seus colegas, também examinaram a relação entre atividade física e mudanças cognitivas, em um período de dois anos, em 16.466 enfermeiras com mais de 70 anos. Foi registrado quantro tempo elas haviam gasto, por semana, em uma série de atividades (corrida, caminhada, escalada, esportes com raquete, natação, ciclismo, danças aeróbicas) durante o ano anterior. As participantes forneceram também informações sobre o ritmo de caminhada, em minutos. O grupo de Weuve observou relação significativa entre a energia gasta nas práticas físicas e a cognição.

Da revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010

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