terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mentes em Movimento (11)


O grupo de trabalho coordenado por Fred Gage e Henriette van Praag, do Instituto alk, em La Jolla, na Califórnia, forneceu informações inéditas sobre a neurog~enese em idade avançada. Os neurobiólogos treinaram ratos de 19 mesmes durante várias semans com rodas de exercícios. Depois, os animais idosos foram submetidos ao "water maze test" - um experimento para avaliar a memória no qual eles nadam dentro de uma bacia d'água e devem se lembrar do local onde está uma plataforma que pode salvá-los. E vejam só: os velhinhos esportistas conseguiram cumprir a tarefa melhor do que os roedores sedentários da mesma idade. Além disso, o índide de neurogênese nos animais treinados era apenas pouco menor do que o de cobaias jovens. Aparentemente, a perda de hardware neuronal com a idade pode ser, em parte, compensada.
"O desenvolvimento do cérebro dura a vida inteira", confirma também o pesquisador da neurogênese Gerd Kempermann, da Universidade Técnica de Dresden. No final dos anos 90, ele descobriu junto com Van Praag e Gage que a atividade física estimula o crescimento de neurônios também em adultos. Os pesquisadores Charles Cotman e Nicole Berchtold, da Universidade da Califórnia em Irvine, descobriram as causas moleculares: camundongos que corriam assiduamente na roda produziam mais um importante fator de crescimento neuronal (BDNF). E após um descanso de vários dias os animais voltavam a atingir rapidamente o nível que os seus semelhantes não treinados só conquistavam por meio de um programa de corrida de semanas.
Mas o que acontece no caso da demência já presente? Será que o declínio intelectual pode ser refreado pelo exercício? Isso foi estudado em 2005 por um grupo coordenado por Paul Adlard, também, também da Universidade da Califórnia, em camundongos geneticamente alterados. Os animais foram induzidos artificialmente a desenvolver um problema genético que causa redução das células neurais. A situação é semelhante à de pessoas com Alzheimer. Os pesquisadores dividiramos os roedores doentes em dois grupos. A única diferença é que em uma das gaiolas havia uma roda de exercícios e na outra não. Após cinco meses, os animais que corriam apresentaram menos placas amiloides no córtex do lobo frontal e temporal do que outros, da mesma idade, que estavam em gaiolas comuns. No hipocampo foi encontrada apenas metade dos emaranhados de proteínas que caracterizam a doença.

Da revista Mente & Cérebro n° 211, agosto/2010



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