segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O enigma ALZHEIMER (9)


Pílulas da Memória

Cientistas se esforçam para desenvolver terapias eficazes no combate a perdas cognitivas, como as da doença de Alzheimer

[ Por Rafael Roesler, biólogo e neurocientista ]


A busca da "pílula da memória" é hoje um dos grandes desafios da pesquisa médica. O desenvolvimento desse tipo de medicamento é dificultado pela complexidade da memória. No entanto, a compreensão dos mecanismos moleculares que permitem a formação e recordação de memórias no cérebro tem permitido a identificação de compostos químicos que podem trazer benefícios de forma eficiente e segura. Alguns medicamentos já estão em fase
experimental em humanos.
Um grande número de estudos em animais demonstra que a substância adenosina monofosfato cíclico (AMPc) é um mensageiro químico fundamental para a facilitação da transmissão nervosa e a formação da memória. Compostos que aumentam os níveis cerebrais de AMPc estão sendo testados como potenciais "pílulas inteligentes".
O aminoácido glutamato é o principal transmissor químico que ativa os neurônios e dá início à sequência de eventos bioquímicos que permite o reforço das sinapses e a formação da memória. O glutamato age ligando-se a proteínas nas membranas dos neurônios, os receptores glutamatérgicos. Compostos chamados ampakinas, que estimulam de forma seletiva os receptores glutamatérgicos, estão em fase adiantada de testes clínicos e apresentam resultados promissores para o tratamento de disfunções de memória associadas ao Alzheimer e outras doenças neuropsiquiátricas.
Estudos feitos por nosso grupo de pesquisa indicam que peptídeos (pequenas proteínas) da família da bombesina, encontrada na pele de sapo, ou substâncias sintéticas semelhantes a eles, podem melhorar a memória em animais de laboratório e prevenir a perda de memória em modelos animais de doenças neurológicas.


Da série especial "Doenças do Cérebro" n° 1, da revista Mente & Cérebro


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